Após a reportagem denunciar irregularidades em transferência de veículos batidos de outros Estados no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Santa Catarina, uma equipe de servidores da corregedoria e da gerência de registro e licenciamento de veículos esteve na Ciretran de Joinville para fazer uma auditoria.
De acordo com a gerente do setor, delegada Alina Zimmermann Largura, a comissão está avaliando se houve irregularidade. As auditorias também estão ocorrendo em outras cidades que não foram reveladas. Em Joinville, o trabalho ocorreu na quinta e sexta-feira da semana passada. A reportagem de 'AN' apurou que a equipe também esteve na Ciretran de Brusque. Por enquanto, não há prazo para terminar a investigação.
- A comissão levantou alguma coisa que ainda não se sabe exatamente o quê, e muito menos se sabe se houve irregularidade. Se isso aconteceu, será devidamente apurado através da corregedoria do Detran e, se preciso, pela corregedoria da Polícia Civil - explicou.
A reportagem publicada com exclusividade no dia 13 de setembro mostrou que informações de danos sofridos por veículos transferidos de outros Estados podem ter sido omitidas por quase três anos. A resolução 362 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada em outubro de 2010, obrigava todos os Detrans a informar o número do Certificado de Segurança Veicular (CSV) - que corresponde à vistoria de veículos recuperados de acidente aprovada pelo Inmetro - no campo de observação do documento.
"AN" comprovou a irregularidade no documento de um Stilo com registro de sinistro que foi transferido de São Paulo para Joinville sem a informação do CSV no documento. A própria gerente do setor confirmou que mandou cumprir a resolução por meio de uma circular encaminhada por e-mail a todos os funcionários do Detran, após descobrir que a determinação não estava sendo cumprida. A circular foi encaminhada em julho de 2013.
- Como teve um buchicho de que o pessoal não estava se atinando para o artigo, chamei a atenção - explicou a delegada na ocasião.
Com a justificativa de que havia vários processos em aberto por causa da suposta desatenção dos funcionários, a delegada encaminhou outro comunicado duas semanas depois abrindo uma exceção e permitindo que as transferências ocorressem sem o CSV por um período de 45 dias.
Depois desse episódio, Alina garante que a resolução passou a ser cumprida. Em contrapartida, despachantes, lojistas e empresas de perícia garantiram à reportagem que a Ciretran de Joinville começou a cumprir a determinação apenas em abril deste ano.